O Moinho é formado por um conjunto de prédios, que totalizam aproximadamente 30 mil m2 de área construída, estruturado em quatro eixos temáticos – Moradia, Saúde, Educação e Comércio. O empreendimento funciona de maneira orgânica, para oferecer aos usuários, residentes e frequentadores uma experiência única e completa, a fim de atender diferentes necessidades em um só lugar, agora e no futuro
“A prefeitura tem perfeita consciência da importância que tem a Zona Norte da cidade”. A frase do secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade (Sedic), Ignácio Delgado, resume não apenas uma certeza como também reverbera um sentimento crescente de outras forças produtivas em relação à região que abriga quase 20% da população de Juiz de Fora (com forte senso de pertencimento) e se destaca pela concentração de empresas.
Projetos baseados em inovação, tecnologia, energias renováveis empreendedorismo e criatividade em fase avançada de elaboração e execução colocam a Zona Norte em um novo patamar capaz de projetá-la internacionalmente. Entre eles, a criação de estratégias públicas para atrair empresas de base tecnológica, a produção de biodiesel e a implantação de um hub de inovação.
“Uma iniciativa em estudo é a de constituir a área que vai do Moinho até o Distrito Industrial como um Corredor Tecnológico. De um lado, temos o Distrito Industrial que agrupa várias empresas, algumas delas até classificadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como intensivas em tecnologia, e de outro, o hub de inovação do Moinho. É uma proposta que está em elaboração e deve ser encaminhada como proposição legislativa para avaliação da Câmara Municipal. Com isso, o que se espera é atrair empresas de base tecnológica”, explica Ignácio.
“No eixo da inovação estamos elaborando, a partir de benchmarking com hubs de todo o país, e alguns cases no exterior, um projeto robusto que busca conciliar interesses e demandas legítimas das empresas, das universidades, das startups, dos governos e da sociedade, para promover a integração do ecossistema local. Tudo para que a gente possa, de fato, promover transformação e estimular o desenvolvimento da cidade e da região”, observa a diretora do Moinho, Rita Rodrigues.
Entre os hubs prospectados no Brasil estão o Instituto Caldeira, em Porto Alegre (RS), Onovolab, em São Carlos e Indaiatuba (SP), o Civi-co e o OásisLab, em São Paulo (SP), Orbi, P7 Criativo e Mining Hub, em Belo Horizonte (MG), ACATE, em Florianópolis (SC) e Hotmilk e Vale do Pinhão, em Curitiba (PR). Já no exterior, a inspiração vem do LxFactory (Lisboa), Station F (Paris) e Base (Milão).
“Conhecemos ainda programas de inovação do Sebrae e os liderados pela Neo Ventures para o Instituto Brasileiro da Mineração. Nós acreditamos que a transformação só se dará resolvendo problemas reais, buscando soluções inovadoras, para garantir a sustentabilidade das empresas e o pleno desenvolvimento do capital humano que Juiz de Fora tem como um dos seus principais ativos”, acrescenta a executiva.
Rede Empreendedora reúne mais de 180 pequenos negócios e reflete o modelo coletivo e compartilhado de promover a transformação
No Moinho Lab, nove startups recebem apoio para seu desenvolvimento. São elas Eclo, Para Elas Mobilidade, Oxe Online, Jum In Business, Financeiramente Pleno, Intelus, Recicla Mais, Holy e Pouper
No campo das conexões, o Moinho é membro do fórum de hubs brasileiros da ABStartups, e reconhecido pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (CERTI) como mecanismo de inovação. O polo de inovação, empreendedorismo e criatividade assinou com a Prefeitura de Juiz de Fora o Protocolo de Intenções, para a viabilidade do Corredor Tecnológico, que tem o Moinho como um dos palcos de impulsão deste movimento.
Além disso, o Moinho foi escolhido pelo Governo do Estado de Minas Gerais para receber a base avançada do SEED-MG – um programa de aceleração de startups para empreendedores do mundo todo que queiram desenvolver seus negócios no estado. “Estamos trabalhando muito fortemente na quádrupla hélice – empresas, governos, instituições do conhecimento e sociedade civil – que é a base para sustentação dos novos modelos de inovação. Tudo isso para encontrar aquele que melhor dialoga com as características do nosso ecossistema”, afirma Rita.
O programa de inovação do Moinho visa ajudar as organizações da cidade e região, de diferentes segmentos e portes, a buscar formas efetivas de inovar de maneira sustentável, gerando valor para todas as partes interessadas. “Nós acreditamos muito neste modelo coletivo e compartilhado e estamos entusiasmados com as muitas possibilidades de unir diversos parceiros, para promover a transformação”, conta a executiva. Essa estratégia está materializada no Moinho Lab – hub de inovação e coworking – que oferece apoio ao desenvolvimento de nove startups de diferentes ramos de atividade e pela criação da Rede Empreendedora e do Fórum ESG de Juiz de Fora.
Aos esforços governamentais e da iniciativa privada soma-se a contribuição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) que levou para a Zona Norte uma unidade do seu Parque Tecnológico (Partec). Um espaço para empresas, centros públicos e privados de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), assim como para prestadores de serviços tecnológicos complexos e de apoio às atividades tecnológicas.
“Dentro do Partec teremos três unidades: na BR-040, no campus da universidade ao lado do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT) e o CIEPTEC Norte dentro do Distrito Industrial. Com o Parque Tecnológico, a gente mapeou algumas vocações da cidade, divididas em seis grandes áreas de atuação: agroalimentar, logística e transporte, saúde e bem-estar, tecnologia da informação, economia criativa, sistemas elétricos e energia. Essas áreas são vocacionadas tanto em empresas representativas, quanto em pesquisas intensivas na própria universidade”, explica a gerente de Planejamento e Gestão do CRITT, Débora Marques.
O foco inicial do CIEPTEC Norte são energias renováveis e já está em andamento pesquisa para transformar óleo de cozinha usado em biodiesel. O projeto é uma parceria da Prefeitura com diversos órgãos e com a empresa inglesa Green Fuels especializada em biodiesel. A proposta ambiciosa, que está em fase de teste, tem tudo para colocar a Zona Norte no mapa mundial das energias renováveis. De acordo com o coordenador do projeto Plataforma de Biodiesel da Zona da Mota e pesquisador da UFJF, Adilson David da Silva, essa fase segue até meados de 2023. Os resultados, porém, já são satisfatórios.
“Em breve, teremos quantidade para testar em caminhões e saber se existe possibilidade de alguma consequência, mas já sabemos que não. Em alguns países, são usados 30% do diesel mineral. Aqui, usamos 10% e, no caso do projeto, planejamos usar 20%, 30%, 40%. Vamos fazer teste com várias misturas e porcentagens. O trabalho vem se desenvolvendo não com velocidade de produção, mas com velocidade de pesquisa”, explica o coordenador.
“O ponto mais importante é que colocamos Juiz de Fora e, obviamente, a Zona Norte, como polo produtor de energias renováveis, não só com divulgação em nível estadual, mas também federal. Esperamos atingir também escala global, porque as empresas que estamos buscando, fazendo prospecção para o CIEPTEC muitas delas são multinacionais, até por conta do crédito de carbono, que é uma dinâmica global”, completa Débora Marques.
Para viabilizar e facilitar o processo, a Prefeitura firmou um acordo com cinco associações para recolher a matéria-prima e vender para o projeto. “Até o momento, temos a parte ambiental, que é transformar óleo usado em biodiesel, e a parte social junto às cooperativas. No aspecto econômico, os esforços são para assegurar competitividade do biocombustível na comparação com o combustível fóssil. Com isso, completamos o tripé da sustentabilidade”, explica Adilson.
“Vamos colocar a Zona Norte no mapa das energias renováveis como sede de grandes empresas que estarão no Partec, mas que produzem tecnologia. Isso em conjunto com a universidade, contando com a contribuição de mão de obra local qualificada e empregos indiretos que estarão envolvidos, para abastecer toda essa cadeia produtiva”, acredita Débora.
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