O editor geral da Tribuna de Minas, Paulo César Magella (à direita), conduziu a entrevista com o diretor-presidente da Cesama, Júlio César Teixeira. O conteúdo, em vídeo, estará disponível amanhã no portal do jornal na internet
“Água tratada é uma das maiores invenções de todos os tempos”. Essas foram as palavras do diretor-presidente da Cesama, Júlio César Teixeira, na primeira edição do Fórum Sustentabilidade 2022, promovido pela Rede Tribuna de Minas de Comunicação, com o apoio do Moinho Zona Norte. A série de entrevistas com especialistas nas questões ambientais, sociais e de governança tem como proposta discutir o panorama em Juiz de Fora, tendo como foco os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Engenheiro civil, com especialização em engenharia de segurança no trabalho, mestrado e doutorado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, o diretor-presidente da Cesama destacou a relevância que o tema tem para a qualidade de vida. Ele, que se dedica profissionalmente há anos ao saneamento básico, afirmou que o tratamento de água tem um impacto muito grande, porque além de evitar e reduzir doenças infecciosas e parasitárias, está diretamente ligado ao aumento da expectativa de vida.
Sob este aspecto, Juiz de Fora apresenta números invejáveis, uma vez que 97% da população urbana recebe água tratada. Mesmo com esse ótimo índice, é necessário muito trabalho para continuar oferecendo um serviço de qualidade ao consumidor, afirmou Júlio, ao destacar que o objetivo é o objetivo é chegar aos 100% de água tratada, para universalizar esse serviço fundamental para a saúde pública.
“Fizemos o reforço do abastecimento da Cidade Alta, que hoje congrega grande parte da população. Reforçamos também o abastecimento dos bairros Linhares, Grajaú, Vitorino Braga, e estamos terminando uma rede tronco no Sagrado Coração, outra região que vai crescer intensamente. Esses investimentos têm que ser feitos continuamente. A Cesama é uma empresa que dá lucro, e 75% são reinvestidos em obras públicas. Por isso, temos um volume muito significativo. Ano passado, investimos R$ 64 milhões em obras”, disse o diretor-presidente.
Do abastecimento de água em Juiz de Fora, 50% são provenientes da Represa João Penido, a mais antiga. 42% vêm de Chapéu D’uvas, que tende a ampliar cada vez mais a sua participação, uma vez que a João Penido está em sua capacidade máxima. Os outros 8% são da Represa de São Pedro, a menor delas e que apresenta grande variação na oferta. “Ela abastece toda a Cidade Alta, mas está sendo reforçada, porque estamos trazendo a água de Chapéu D’uvas. A gente quer manter todas as estações com pelo menos duas fontes de água, para que se faltar alguma delas, tenhamos a garantia do abastecimento”, observou o diretor-presidente.
Em contrapartida aos bons números de água tratada no município, apenas 7,5% do esgoto coletado é tratado atualmente. Percentual que subirá para 30,8% a partir do próximo dia 31, para 42,5% até o final de junho, e para 47,5% até dezembro com a entrada em operação da elevatória Independência que bombeará o esgoto coletado até a Estação de Tratamento União-Indústria. A obra integra a primeira fase do projeto de “Despoluição do Rio Paraibuna” iniciado em 2013. A segunda fase já está em execução com a despoluição dos córregos, sendo o primeiro deles o Córrego Tapera, um dos maiores cursos d’água da cidade, que abrange a região dos bairros Parque Guarani, Bandeirantes e Bom Clima.
Um dos compromissos da Cesama é a oferta de água tratada e a captação de esgoto para todos os imóveis do entorno da Avenida Deusdedith Salgado. De acordo com o diretor-presidente, a empresa trabalha firme para iniciar a oferta desses serviços ainda neste ano. “Como a região é um vetor de crescimento da cidade, nos anos de 2022 e 2023, vamos levar água tratada até o trevo do Salvaterra. Nos anos de 2023 e 2024, vamos fazer a coleta de esgoto. Todos os empreendimentos dali dependem de poço”, observou Júlio.
Serviços de água e esgoto são imprescindíveis à vida, daí a importância da universalização do atendimento e da qualidade na prestação do serviço. Para o diretor-presidente da Cesama, empresas de saneamento básicos não devem ser privatizadas, uma vez que isso pode representar a exclusão de grande parte da população da oferta desses serviços.
“Este ano, o reajuste na conta da Cesama foi de 5,19%, enquanto as empresas privadas aumentaram suas contas, em média, em 15%. Se privatizar, haverá um aumento das tarifas, o que exclui, por questão econômica, os mais humildes. Para se manter pública, a empresa tem que ser eficiente e o usuário atendido na sua expectativa em quantidade e qualidade. Caso contrário, ela não se sustenta”, disse.
Uma das prerrogativas da companhia para garantir sua sustentabilidade está no investimento em tecnologia avançada. “Em São Mateus, temos o controle operacional da cidade como um todo. Um sistema de telemetria indica como estão os reservatórios, como estão as diferentes vazões nas redes. Podemos, muitas vezes, corrigir problemas pelo próprio centro operacional. As cidades têm que embarcar em tecnologias para oferecer melhor qualidade de vida à população”, finalizou Júlio.