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A Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora é referência no tratamento de aneurisma da aorta. No final de junho, os médicos Guilherme Heluey, Davi Colen e Guilherme Bicalho receberam o cirurgião Marcelo Ferreira, especialista com uma das maiores casuísticas e experiência em aneurismas toracoabdominais no Brasil e no mundo, para o tratamento de um caso complexo de aneurisma da aorta.
A cirurgia foi realizada em um paciente de 80 anos em tratamento no hospital que apresentava um grande aneurisma de aorta, englobando também as artérias dos rins. “Optamos por realizar o tratamento endovascular, com implante de uma endoprótese na aorta, com ramos para as artérias viscerais, permitindo a correção do aneurisma, a preservação das artérias viscerais e a perfusão dos órgãos por elas irrigados. A cirurgia foi realizada com sucesso e sem complicações”, comemora o médico Guilherme Heluey.
Guilherme Heluey e Marcelo Ferreira
Davi Colen, Guilherme Bicalho e Guilherme Heluey
Realizado com implante de endoprótese ramificada para os vasos viscerais, o procedimento é o que há de mais avançado no tratamento de aneurisma da aorta. De acordo com o especialista, a técnica em si já é uma inovação e poder realizá-la em Juiz de Fora coloca o município em outro patamar. “O tratamento endovascular do aneurisma de aorta toracoabdominal com endoprótese ramificada representa um grande avanço para nossa especialidade, e nós, médicos, sentimos uma enorme satisfação em poder oferecer esse tratamento à população de nossa cidade”, afirma.
A cirurgia requer extremos cuidado e atenção. Por isso, a estrutura da Santa Casa de Misericórdia foi fundamental para o sucesso do procedimento, observa Guilherme. Além disso, ele destaca a equipe de profissionais envolvidos sem os quais nada seria possível. “Todos os se dedicaram muito para que tudo saísse bem”. O paciente recebeu tratamento de excelência em todos os setores do hospital, incluindo as equipes de hemodinâmica, anestesia, cirurgia vascular e do CTI. “A estrutura hospitalar adequada, o acolhimento e envolvimento multidisciplinar são fundamentais para o sucesso desses procedimentos de alta complexidade”, explica o especialista.
Realizado com implante de endoprótese ramificada para os vasos viscerais, o procedimento é o que há de mais avançado no tratamento do aneurisma de aorta
Imagem de angiografia mostra o resultado final da endoprótese com ramos
O aneurisma se dá com a dilatação anormal de uma artéria que, em função disso, pode se romper e causar hemorragia ou permanecer sem estourar. A maioria dos aneurismas é degenerativa e ocorre pelo enfraquecimento da parede do vaso sanguíneo. Entre os principais fatores de risco estão idade avançada, tabagismo e histórico familiar. A incidência mais significativa se dá em pessoas do sexo masculino.
A dilatação pode ocorrer em artérias de diferentes partes do corpo, como cérebro, coração, rim e abdômen. O médico Guilherme Heluey explica que o aneurisma da aorta requer especial cuidado, uma vez que se trata da maior artéria do corpo humano. A doença provoca o aumento de pelo menos 50% do tamanho normal. Localizada no tórax e no abdome, a aorta leva sangue do coração para todas as outras partes do corpo. “A grande preocupação com esses aneurismas é o risco de ruptura, que gera uma hemorragia grave, e geralmente fatal”, diz.
O aneurisma de aorta deve ser acompanhado por um cirurgião vascular, e tratado quando apresentar características que sugerem o risco de ruptura, como tamanho (quando são grandes), crescimento rápido e, ainda, quando apresentam sinais e sintomas sugestivos de expansão aguda ou pré-ruptura. “Quando está localizado entre o segmento torácico e abdominal da aorta, englobando as artérias viscerais (que irrigam rins, intestino, fígado, etc), o seu tratamento é bem mais complexo”, observa o cirurgião.
A grande preocupação com o aneurisma de aorta é sua rotura, que está diretamente associada a altíssimas taxas de mortalidade. O tratamento visa impedir que isso ocorra, contribuindo para assegurar sobrevida com qualidade ao paciente.
Segundo o especialista Guilherme Heluey, os avanços tecnológicos contribuem para que os tratamentos de aneurismas sejam cada vez mais eficientes. Porém, mesmo com tanta evolução, em alguns casos ainda é necessário recorrer a métodos mais tradicionais. “Antigamente, o tratamento só era possível por cirurgia convencional (aberta), com grandes incisões desde o tórax até o abdome, interrupção momentânea da circulação para os órgãos e a correção cirúrgica “aberta” do aneurisma. Essa técnica, ainda utilizada em alguns casos hoje, está associada a maiores taxas de complicações e mortalidade”, observa.
O tratamento dos aneurismas da aorta toracoabdominal, com uso de endopróteses ramificadas, é uma alternativa ao tratamento convencional, contribuindo para que haja menores índices de complicações, por se tratar de uma técnica minimamente invasiva. “Existem dispositivos, chamados de endopróteses, que são implantados na aorta através das artérias periféricas (das pernas e braços), pela técnica endovascular, sem necessidade de grandes incisões e sem interrupção da circulação. Quando essas endopróteses possuem ramos para as artérias dos órgãos, as chamamos de endopróteses ramificadas”, finaliza o cirurgião.
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