Museu Mariano Procópio, Museu Ferroviário e Museu de Arte Murilo Mendes abrigam riquezas acessíveis para visitação
Após 50 anos, a definição de museu mudou significativamente e, pela primeira vez, aparecem as palavras inclusão, acessibilidade, sustentabilidade e ética na concepção votada pelos membros do Conselho Internacional de Museu (ICOM), durante a Conferência Geral, realizada em Praga, capital da República Checa, no mês passado. “A nova definição, que essencialmente inclui a anterior e foi alargada com novos conceitos, está alinhada com algumas das maiores mudanças no papel dos museus, reconhecendo a importância da inclusão, da participação da comunidade e da sustentabilidade. Também são introduzidos os conceitos de ética e de partilha com o envolvimento da comunidade, bem como da possibilidade de proporcionar novas e diversificadas experiencias aos visitantes”, explica o superintendente do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), Aloisio Arnaldo Nunes de Castro.
A mudança abre novas perspectivas não só para as quase duas dezenas de espaços da memória de Juiz de Fora que abrigam obras, objetos e documentos de grande relevância que contam parte importantíssima de sua história, inclusive popular, como para a compreensão mais ampla dessa simbologia. Entre todo esse conjunto, estão pertences do poeta Murilo Mendes, do ex-presidente Itamar Franco, de grandes colecionadores locais, assim como um dos principais acervos do período imperial brasileiro com mais de 53 mil itens – em sua maior parte originário do Palácio São Cristóvão, antiga residência de D. Pedro II no Rio de Janeiro, – que integram o Museu Mariano Procópio.
O principal museu da cidade, que terá reaberta a Galeria Maria Amália, no próximo dia 7 de setembro, tem como diferencial não só a grandiosidade de suas coleções, mas também a riqueza dos prédios históricos, além do amplo parque que proporciona momentos de lazer e contemplação em 78 mil metros quadrados de área verde. “Ao transformar o solar de Mariano Procópio na casa da arte e da história, Alfredo Ferreira Lage colocou a propriedade e o município de Juiz de Fora num plano de primeira grandeza, na rota científica e cultural brasileira, atraindo visitantes que se deslumbram e se emocionam com a joia que aqui encontram”, observa a diretora do Museu Mariano Procópio, Maria Lúcia Horta Ludolf de Mello.
Criado para abrigar um significativo patrimônio cultural construído pelos acervos bibliográfico, documental e de obras de arte relacionados com a vida e a produção intelectual do poeta Murilo Mendes, o MAMM é um órgão suplementar vinculado à Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UFJF. Além do acervo com artes plásticas e livros, com mais de 20 mil exemplares, nas áreas de literatura, artes, história, filosofia, religião, o MAMM possui Laboratório de Conservação e Restauração de Papel e Laboratório de Conservação e Restauração de Pintura e Escultura.
“A coleção de artes plásticas do poeta, transferida para a UFJF em 1994, demarca evidente protagonismo histórico-cultural, uma vez que se constitui no maior ingresso de arte internacional no país – caracterizada, sobretudo por uma produção artística relativa ao Surrealismo, ao Abstracionismo e ao Construtivismo do segundo pós-guerra – desde as doações de Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi”, explica o diretor Aloisio Arnaldo Nunes de Castro.
Com um rico acervo de sinos, máquinas, mobiliário, instrumentos de trabalho e de comunicação, livros técnicos, fotografias, equipamentos científicos, louças, miniaturas, o Museu Ferroviário vai além. O espaço oferece para uso comunitário a Estação Arte, composta de Anfiteatro e Sala de Multimeios destinados às diversas expressões artísticas, ao lazer e ao entretenimento cultural.
Para além das duas locomotivas originais expostas aos visitantes, há ainda em volta do Museu Ferroviário um significativo diferencial. “Esse tipo de acervo ferroviário carrega com ele a questão do afeto muito presente. Às vezes, um simples parafuso faz a pessoa lembrar de um ente querido que trabalhou na ferrovia. Como neto de ferroviário, eu mesmo tenho a presença de minhas raízes aqui. E isso acontece muito com os visitantes”, emociona-se o supervisor, Marco Aurélio de Assis, que está à frente do espaço desde 2003.