PUBLIEDITORIAL

Uma cidade musical por excelência

De genialidade em genialidade, artistas optam por ficar em Juiz de Fora
Laura Conceição

Laura Conceição

A tradição musical de Juiz de Fora se embaraça na genialidade do samba de Geraldo Pereira, passa pela poesia de Armando Fernandes Aguiar, o conhecido Mamão, que ganhou o mundo com seu belo samba “Tristeza pé no chão”- gravado por Clara Nunes, Alcione, Teresa Cristina, Fabiana Cozza e Zeca Baleiro -, e também pela inventividade de Joãozinho da Percussão, citado em disco ao vivo de Chico Buarque em Paris.

Isso sem falar na virtuose de instrumentistas como Dudu Lima e na música jovem e cheia de energia de bandas como Strike, ETC, Onze:20 e Martiataka, que faz rock autêntico, barulhento e sem concessões ao mercado há 18 anos. Uma nova geração tem dado uma nova cara de excelência à essa produção musical, em nomes da cena que despertam olhares pela qualidade, originalidade e potência do trabalho, como Caetano Brasil, Laura Conceição e Nara Pinheiro.

Clarinetista, saxofonista e compositor, Caetano Brasil está em um dos principais momentos de sua carreira que já tem mais de uma década de estrada. Após ser indicado pelo álbum “Cartografias” na categoria de Melhor Álbum Instrumental para o Grammy Latino 2020, ele acaba de lançar seu terceiro disco, “Pixinverso – Infinito Pixinguinha”, no qual lança um olhar para o futuro a atualizar o repertório imortal do grande gênio da música nacional.

“Juiz de Fora é um celeiro de artistas das mais diversas linguagens. Gente muito competente que insiste em exercer seu ofício num espaço tido, por muita gente, como lugar de partida. Eu escolhi ficar e, durante muitos anos, fui questionado sobre quando sairia. Acredito que quem está aqui importa tanto quanto quem está lá, e este público muito me interessa. Me interessa transformar minha aldeia. Minha arte é irrestrita, está sempre em trânsito pelo mundo globalizado e eu vou (e vôo) pra onde quiser, podendo voltar. Vejo também uma força neste momento de retomada, tanto de algum entendimento sobre o fazer artístico dos próprios artistas quanto do olhar que o poder público tem dispensado à classe e às políticas culturais no município, com muito ainda a construir, é claro, porque a gente precisa querer muito, como disse Caetano (o Veloso, não eu!)”, analisa Caetano Brasil.

Caetano também participa do segundo disco de Laura Conceição, recém-lançado, em agosto, o criativo “Espelho”, na faixa “Jazz Brasil”. Destaque na cena nacional dos slams, na qual já foi premiada, e figurinha constante nas lives de Teresa Cristina, Laura transita entre a spoken word e a canção, tendo a poesia como principal arma, e é avessa a rótulos. “Juiz de Fora está vivendo um momento muito potente da cultura, temos artistas incríveis que fomentam a cena. É desafiador voltar depois da pandemia, desse momento de isolamento. A gente se sente melhor estando perto das pessoas”, analisa.

Outra artista que prima pela excelência é a flautista, musicista e compositora Nara Pinheiro, um dos quatro talentos premiados, em junho, no 21º Prêmio BDMG Instrumental, em Belo Horizonte. Além de prêmio de R$ 12 mil, ela participará de dois shows de relevância nacional, em São Paulo e em Belo Horizonte. Nara também está nos preparativos para o lançamento de seu disco de estreia, “Tempo de Vendaval”, financiado com recursos da Lei Murilo Mendes de Incentivo à Cultura, que chega às plataformas em novembro, com show na cidade em janeiro. Neste final de semana, ela foi finalista, em Belo Horizonte, do Prêmio da Música de Minas Gerais, com a música “Âmago”, composta em parceria com o marido, Marcio Guelber.

“Juiz de Fora é uma cidade que tem uma efervescência cultural muito grande, em todas as áreas artísticas. Essa força criativa inerente aos juizforanos se potencializa ainda mais quando entendemos que estamos num importante eixo entre Belo Horizonte, Rio e São Paulo. A cidade vive uma constante e intensa troca com novos artistas do Brasil e mundo que conecta e projeta a produção local para novos horizontes”, analisa.

Autor de um dos sambas mais bonitos e conhecidos da música popular e ícone da cena local, Mamão está completando 84 anos de vida. “Já naquela época dos festivais, eu pensava que o jurado ia prestar mais atenção na letra, por isso, pensei em caprichar nela. Se eu dependesse de direito autoral para realizar algum sonho, estaria mal. Eu nunca fui um sonhador. O sonho de todo compositor, todo sambista, é ver sua música divulgada”, conta. Além de ter sua obra celebrada no EP “Vem pro Samba”, ele também vai ser homenageado no Carnaval como enredo da escola de samba Rivais da Primavera. 

 

Mamão, Caetano Brasil e Nara Pinheiro. Símbolos da potencialidade de Juiz de Fora

Novos espaços potencializam a força da cultura

Depois de dois anos desafiadores, a cidade se prepara para a retomada das atividades de cultura e lazer e já tem dois novos espaços: o Sensorial Centro de Cultura, complexo com estúdio, escola, restaurante e sala de shows, no Aeroporto, e o recém-inaugurado Beco, nas margens do Rio Paraibuna, que se insere no contexto de revitalização do Centro.

Complexo cultural com cinco ambientes, o Sensorial aposta alto nas atrações para os próximos meses, com shows de Banda Biltre, Maglore e Ana Cañas. A casa oferece aulas de dança contemporânea e forró. Além da intensa agenda, o grupo ainda promove shows no Cine Theatro Central com Chico César e Geraldo Azevedo, e Ney Matogrosso. “A nossa expectativa é movimentar a cena de cultura. A casa aposta em trazer a música brasileira contemporânea, promovendo esse intercâmbio com artistas locais”, conta o empresário Amaury Linhares.

A mais nova casa de cultura no Centro da cidade é o Beco, ao lado da antiga boate Sayonara no Vitorino Braga. O empreendimento é resultado da união do coletivo Oandardebaixo, o antigo bar Uthopia e a cervejaria São Bartolomeu. Com o slogan “O Beco é a saída”, a casa pretende ser abrigo e refúgio para os que buscam teatro, exposições de arte, poesia, música, gastronomia locais e uma boa festa, de sexta a domingo.

“Sempre consideramos o baixo centro como território fértil e potente para a arte e a poesia. É a margem, mesmo estando no miolo da cidade. Após esse triste período de pandemia, as pessoas perceberam o valor da felicidade. Foi um período de muito sofrimento, muita dor e medo. As pessoas estão voltando a viver. Esse retorno da vida por inteiro está sendo muito mágico. Parece que todo mundo está com fome de viver mais, viver o agora, se declarar, fazer loucuras, não perder tempo. Afinal, ficou nítido que não temos o menor controle sobre o amanhã. Estamos propondo um espaço de presentes: a vida hoje, território da alegria, da vida pulsante e da liberdade pra ser quem se é.” analisa um dos sócios, Hussan Fadel.

os novos espaços de cultura (Beco e Sensorial)
os novos espaços de cultura (Beco e Sensorial)

Os novos espaços de cultura (Beco e Sensorial)

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