Novos hábitos: A busca por mais saúde e bem-estar a partir da pandemia

Profissionais da área de saúde alertam para a urgência de adquirir hábitos saudáveis para melhorar a saúde física e mental e garantir um envelhecimento com mais qualidade de vida
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A busca por saúde e bem-estar vai muito além de não estar doente e envolve uma série de fatores que garantem a qualidade de vida. Para se ter uma vida realmente saudável, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é preciso estar em boas condições físicas, sociais, mentais e culturais. Com a pandemia de covid-19, a preocupação em preservar ou melhorar a própria saúde se tornou ainda mais urgente e fez com que boa parte da população buscasse prestar mais atenção ao que pode ser feito.

A pandemia, além de ter impactado o mundo inteiro com uma doença infecciosa altamente transmissível, também foi responsável pelo grande aumento do nível de estresse e das doenças relacionadas à saúde mental. Além disso, a necessidade de se manter um maior isolamento social representou um empecilho a mais para a prática de exercícios físicos. Mas de acordo com Sandra Tibiriçá, médica da atenção primária e docente e pesquisadora da UFJF, foi justamente nesse momento de crise que as pessoas passaram a refletir mais sobre esse conceito de “saúde” de uma forma ampliada.

A adoção de hábitos mais saudáveis é a etapa mais importante desse processo. Dar o primeiro passo nessa direção pode ser difícil, mas de acordo com a enfermeira Renata Fiuza, chefe da unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da UFJF, os benefícios são enormes e afetam positivamente diversas áreas da vida. “Você passa a ter um reflexo disso no seu trabalho, na sua relação em casa e consigo mesmo”, comenta.

Cuidados preventivos trazem vantagens

A prevenção é um dos conceitos mais importantes, já que esse olhar, antes mesmo do adoecimento, traz diversas vantagens do ponto de vista biológico, psíquico e econômico não só para o indivíduo, mas para toda a sociedade. O ideal é que esses cuidados sejam pensados para toda a população, mas mesmo as práticas individuais fazem toda a diferença. A médica Sandra Tibiriçá enfatiza que a adoção de hábitos mais saudáveis deve passar primeiramente pela conscientização de como a pessoa gostaria de viver, e a partir disso deve incluir o planejamento de uma mudança de hábitos a curto e a médio prazo.

A enfermeira e chefe da unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da UFJF, Renata Fiuza, destaca que os cuidados devem incluir atitudes básicas como buscar uma alimentação balanceada, praticar ao menos 30 minutos de exercícios físicos por dia, dormir bem, preservar a saúde mental e garantir momentos de lazer. Ela destaca que essa atividade física pode começar de maneira leve, tentando encontrar, aos poucos, formas de se encaixar na rotina buscando sempre o equilíbrio.

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Envelhecimento da população

Além das doenças infecciosas, a humanidade tem vivido uma transição epidemiológica com o aumento das doenças degenerativas e daquelas totalmente relacionadas aos hábitos de vida. Essas doenças vieram com a transição demográfica e com o envelhecimento da população mundial. De acordo com dados do IBGE, de 210 milhões de brasileiros, já há 37,7 milhões de idosos.

“No Brasil, isso está totalmente relacionado ao aumento da qualidade de vida, vacinação, alimentação e acesso à saúde”, explica Sandra Tibiriçá. A partir do momento em que se aumenta a expectativa de vida e a longevidade, é preciso pensar em como tornar o envelhecimento mais leve e saudável, repensando os hábitos e as práticas relacionadas à saúde.

 

Principalmente em países muito desenvolvidos em que há uma população idosa ainda maior e onde a expectativa de vida é alta, são tomadas medidas para que seja possível chegar a essa etapa da vida sem dores crônicas e mantendo uma boa qualidade de vida. De acordo com Sandra, isso é levado em conta a partir de diversos determinantes sociais, que podem incluir desde o nível de consumo de açúcar, o sedentarismo, o tabagismo até o uso de álcool.

A importância da saúde mental

A saúde mental é um dos fatores que mais podem perturbar o bem-estar, e os problemas causados por doenças relacionadas à mente têm atingido uma grande quantidade de pessoas na modernidade. De acordo com dados da OMS, o Brasil é o país com mais pessoas com transtornos de ansiedade no mundo: 19 milhões de pessoas sofrem com a doença.

Esse quadro traz prejuízos inclusive para a saúde física e, principalmente quando são persistentes, diminui consideravelmente a qualidade de vida. A psicóloga Fabiane Rossi, professora do departamento de Psicologia da UFJF e coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Investigação em Psicossomática, Saúde e Organizações (NUIPSO), afirma que esse cenário ainda se agrava quando, por conta do sofrimento intenso com a doença, há um comprometimento do funcionamento cotidiano, acarretando dificuldades na vida familiar, social e no trabalho.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) aponta que a procura por consultórios particulares aumentou em cerca de 80% em 2020 em relação ao mesmo período no ano anterior. Fabiane observa que, durante esse momento, intensificaram-se hábitos que podem ser muito prejudiciais à saúde, como o uso abusivo de substâncias nocivas e o gasto excessivo de tempo nas redes sociais.

Os riscos do sedentarismo

A prática de exercícios físicos é um dos hábitos saudáveis mais importantes para a prevenção de doenças crônicas. O médico de família e comunidade Alessandro Cotta destaca que, durante o isolamento social, muitas pessoas acabaram deixando de fazer esses exercícios por estarem restritas ao ambiente domiciliar, e isso é um grande risco para a saúde.

“O nosso corpo foi feito para funcionar melhor quando nós nos exercitamos.” O médico explica que, dessa maneira, o coração bombeia com mais facilidade, o corpo queima mais calorias e ainda fortalece a musculatura. Esse último efeito é crucial especialmente para os idosos, que via de regra já enfrentam mais problemas relacionados à perda de força muscular e à dificuldade de mobilidade. Ele ressalta que esse impacto vai para além do âmbito físico e atinge totalmente a saúde mental.

Alessandro aponta que o mais difícil, nesse processo, é justamente começar a prática de exercícios físicos e sair do sedentarismo, mas depois que isso se torna um hábito a sensação de bem-estar vai ficando cada vez mais clara. Os benefícios alcançados, nesse caso, são nítidos na performance do dia a dia e se estendem por todas as áreas da vida. O médico, no entanto, lembra que é importante, ao começar essa prática, fazer uma avaliação para saber se a atividade escolhida pode apresentar algum risco para a saúde ou qual seria a mais recomendável para cada caso.

 

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